Por que conhecer a história de Israel (Parte 2)

Normalmente, a influência espiritual da Bíblia é tão grande que seu valor como fonte histórica é ofuscado

 

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Pr. Eguinaldo Hélio de Souza
 

O que desejamos encontrar na história são os fatos. Queremos saber o que aconteceu. E esperamos que as narrativas correspondam aos eventos nelas descritos. O passado nos instiga a conhece-lo e por isso a história dos povos nos atrai. E nenhum povo nos deixou melhor história do que os judeus.

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Nas Escrituras temos história da mais alta qualidade. Nas palavras de Will Durant, não apenas os mais velhos escritos históricos que conhecemos como alguns dos melhores. Não apenas os livros que chamamos de históricos são históricos. Tudo é narrativa histórica, seja a Lei, sejam os profetas, sejam os escritos poéticos. Tudo é história! E que história!

Apesar de seu cepticismo em certos pontos, o historiador acima reconhece que as histórias de Saul, Davi e Salomão revelam-se muitíssimo superiores em estrutura e estilo aos outros escritos históricos do Oriente Próximo. Mesmo o Gênesis, se o lemos com alguma atenção no seu papel de narrativa, é uma história admirável, contada sem enfeites, com muita vida e força.

Não temos nas narrativas bíblicas aquelas profusões de lendas e mitos no mais exato sentido da palavra que encontramos em outros povos. Mesmo os milagres que surgem constantemente se encaixam com perfeição nos eventos que o envolvem, de modo que o sobrenatural ganha aparência de natural, o fantástico se torna crível e plausível.

 

OS HITITAS OU HETEUS

É bem conhecido o caso dos hititas ou heteus. Houve um tempo no qual os críticos afirmavam que os hititas ou heteus mencionados na Bíblia Hebraica “nunca existiram”. Segundo estes críticos, os antigos escritores dos Livros Bíblicos “inventaram” este povo como forma de fabricar vitórias Israelitas sobre eles. Os hititas são contados entre os Cananeus. São descritos geralmente como pessoas que viveram entre os Israelitas, mas que tinham seus próprios reis, e eram suficientemente poderosos para pôr um exército sírio em fuga segundo o registro bíblico.

A descoberta das primeiras ruínas misteriosas, hoje atribuídas aos Hititas, na Turquia, ocorrida em 1839, não sensibilizou a comunidade científica.

Quando o arqueólogo, Henry Sayce, afirmou em 1880 que os heteus do Antigo Testamento eram o mesmo povo que deixou diversos rastros na região da Ásia Menor, a comunidade acadêmica recebeu suas afirmações com descrédito, alcunhando-o de “o inventor dos hititas”. A confirmação da teoria de Sayce veio por meio dos esforços de um arqueólogo alemão, Hugo Winckler (1863–1913), cujas escavações em Boghazköy, trouxeram à luz cerca de 10.000 tabletes em escrita cuneiforme, pertencentes aos arquivos dos reis de Hatti. Hoje sua existência é fato bem documentado e sua história, bem como a história dos estudos arqueológicos que envolveram esse povo foi descrito em O segredo dos hititas, do estudioso de história da arqueologia, C.W. Ceram.

 

FONTE SEGURA

Normalmente, a influência espiritual do Antigo Testamento e da Bíblia em geral é tão grande que seu valor como fonte histórica é ofuscado. Entre outras coisas temos nele uma fonte segura de informação sobre aquilo que aconteceu, não apenas aos judeus, mas em toda aquela região do Oriente Próximo, desde tempos longinquos. Mesmo tratando-se dos tempos mais antigos, a Bíblia supera muitos povos.

O professor Albright, renomado arqueólogo, assim inicia sua obra clássica, The Biblical Period (A Era Bíblica): “A tradição nacional hebraica supera todas as outras na maneira clara como descreve a origem tribal e familiar. No Egito e na Babilônia, na Assíria e na Feníncia, na Grécia e em Roma, procuramos em vão por qualquer coisa parecida. Nada há de semelhante na tradição dos povos germânicos. A índia e a China também não têm algo parecido para apresentar (…) já fazia muito tempo que os assírios tinham esquecido de onde vieram.”

Esses testemunhos são suficientes para revelar o precioso livro de história que temos em mãos. Relatos históricos como nenhum outro da antiguidade. E para encerrar um testemunho a mais:

The Cambridge Ancient History (A História Antiga, de Cambridge; v. 1, p. 222) afirma: “Certamente o povo israelita manifesta uma capacidade excepcional para a interpretação da história, e o Antigo Testamento representa a descrição da história mais antiga que existe”.

Eis porque conhecer a história de Israel. Porque ela é fidedigna.

 

1 DURANT, Will. Nossa Herança Oriental. Rio de Janeiro: Record, 1963, p. 228.
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