Garantir a segurança, sem abrir mão da liberdade religiosa

Embaixador de Israel no Brasil rebate artigo repleto de inverdades publicado no Natal

 

Natal em Belém teve recorde de turistas: muro que impede terrorismo não atrapalha celebrações cristãs

Natal em Belém teve recorde de turistas: muro que impede terrorismo não atrapalha celebrações cristãs

 

Rafael Eldad *
Foi com muita surpresa e apreensão que lemos a reportagem “Um muro no caminho de Maria“, publicada na edição da Folha do dia 25 de dezembro, no caderno “Mundo”.

O texto, estranhamente, mesclou relatos da Bíblia com questões políticas contemporâneas. E, como se não bastasse tal mistura explosiva, pecou por não ouvir o outro lado, pilar básico do jornalismo praticado por esta empresa de comunicação.

A reportagem, superficial e baseada em comparações sem sentido, não explicou ao leitor o motivo da existência de barreiras e de bloqueios na conflagrada região. Optou por criticar Israel, sem dar o devido direito à defesa, exatamente em um dos dias mais sagrados para o cristianismo, o Natal.

Como é amplamente sabido, liberdade – seja de expressão, seja de religião – é um bem escasso no Oriente Médio. Israel, apesar da constante beligerância de vizinhos empenhados em destruí-lo, jamais abriu mão de construir uma sociedade democrática.

Vejamos, por exemplo, a situação dos cristãos. Representavam 20% da população do Oriente Médio até o início do século 20. Hoje, porém, representam apenas 5%. Fogem da repressão e da violência.

O único país na região onde a população cristã cresce regularmente é o Estado de Israel. Em 1980, lá viviam 90 mil cristãos. Atualmente, eles são mais de 155 mil.

Lembremos também que mais de 1,6 milhão de turistas visitaram em 2013 a cidade de Belém, na Cisjordânia, marcando um recorde para a cidade, e dezenas de milhares chegaram especificamente para comemorar o Natal.

Deve ser lembrado, ainda, que a construção de uma barreira defensiva (o chamado muro) entre Israel e a Cisjordânia foi decorrência dos múltiplos ataques terroristas perpetrados por facções palestinas contra a população civil de Israel e tiveram origem na margem ocidental do rio Jordão.

Entre 2000 e 2005, mais de mil israelenses foram assassinados durante a chamada Segunda Intifada, iniciativa tristemente baseada no terrorismo e na figura dos homens-bomba que se seguiu à recusa palestina em assinar um acordo de paz após as negociações de Camp David.

Depois da construção do muro, os atentados foram reduzidos em 100%, preservando o mais importante para todos os amantes da paz: as vidas humanas.

O governo de Israel cumpre a missão de proteger seus habitantes. Sem terrorismo, não precisaremos mais de muros e barreiras.

Feliz ano novo para o Oriente Médio e para todo o povo brasileiro.

 

* Rafael Eldad é embaixador de Israel no Brasil

Publicado originalmente na Folha de São Paulo