Cristãos fogem de perseguições em todo o Oriente Médio, mas em Israel eles gozam de plena liberdade religiosa e boa situação socio-econômica

Cristãos realizam batismo coletivo no Rio Jordão: em Israel, eles têm total liberdade de praticar sua religião
Por Michael Oren *
A igreja em Belém havia sobrevivido por mais de 1.000 anos, passando por diversas guerras e conquistas, mas seu futuro agora parecia em perigo. Por todas as suas antigas paredes de pedra estavam as letras em árabe pichadas pelo Hamas. O ano era 1994, e a cidade estava prestes a ter seu controle passado de Israel para os palestinos.
Eu estava reunido com o clero da Igreja, como conselheiro do governo israelense para assuntos inter-religiosos. Eles estavam desanimados, mas com muito medo de fazer uma reclamação. Os mesmos bandidos do Hamas que haviam profanado o seu santuário podiam ameaçar suas vidas.
O trauma desses sacerdotes é agora comum entre os cristãos do Oriente Médio. Sua participação na população da região caiu de 20% há um século para menos de 5% – e continua caindo.
No Egito, 200 mil cristãos coptas fugiram de suas casas em apenas um ano, depois de espancamentos e massacres praticados por multidões de extremistas muçulmanos.
Nos últimos 10 anos, 70 igrejas iraquianas foram queimadas e cerca de mil cristãos foram mortos apenas em Bagdá, fazendo com que mais da metade desta comunidade de milhões de membros tivessem de fugir. A conversão para o cristianismo é um crime punido com a pena de morte no Irã e na Arábia Saudita mesmo orações cristãs feitas em recintos particulares são proibidas.
Assim como 800.000 judeus anos atrás foram expulsos de países árabes, hoje são os cristãos que estão sendo expulsos das terras onde habitaram por séculos.
Atualmente, o único lugar no Oriente Médio onde os cristãos podem sentir-se seguros e estão florescendo é Israel. Desde que o Estado de Israel foi fundado, em 1948, suas comunidades cristãs (russo-ortodoxa, grega-ortodoxa, católica, armênia e protestante) se expandiram mais de 1.000% .
Os cristãos têm posição de destaque em todos os níveis da vida de Israel. Têm representantes no Knesset (Parlamento), no Ministério das Relações Exteriores e no Supremo Tribunal Federal. São isentos do serviço militar obrigatório, mas milhares deles se alistam voluntariamente para ajudara proteger seu país (na cerimônia de alistamento, prestam o juramento sobre o Novo Testamento). Cristãos-árabes israelenses gozam, em média, de situação sócio-econômica e educacional melhores do que a maioria dos judeus israelenses.
Isso não significa que os cristãos israelenses não vivam, ocasionalmente, situações de intolerância. Mas, em contraste com outros lugares no Oriente Médio, onde o ódio aos cristãos é ignorado ou até mesmo incentivado, Israel continua comprometido com a promessa feita em sua Declaração de Independência de “garantir completa igualdade a todos os seus cidadãos, independentemente da sua religião”.
É garantido, ainda, o livre acesso a todos os lugares sagrados aos cristãos, que estão sob a égide exclusiva do clero cristão. Quando muçulmanos tentaram erguer uma mesquita perto da Basílica da Anunciação, em Nazaré, o governo israelense intercedeu para preservar a santidade do santuário. Israel está repleta de locais importantes aos cristãos (Cafarnaum, o Monte das Bem-Aventuranças, o local de nascimento de João Batista), mas diversos outros localizam-se fora da jurisdição israelense, em Gaza e na Cisjordânia. Nestas áreas, os cristãos sofrem a mesma situação de ameaças que seus irmãos no resto do Oriente Médio.
Desde a tomada do poder em Gaza pelo Hamas, em 2007, metade da comunidade cristã local fugiu.
Decorações de Natal e demonstrações públicas de crucifixos são proibidos. Em uma transmissão de dezembro de 2010, autoridades do Hamas exortaram os muçulmanos a matar seus vizinhos cristãos. Rami Ayad, dono da única livraria cristã de Gaza, foi assassinado e sua loja reduzida a cinzas. Este é o mesmo Hamas com a qual a Autoridade Palestiniana da Cisjordânia busca assinar um pacto de unidade.
Não é de admirar, então, que a Cisjordânia também sofra uma hemorragia cristãos. Eles, que já representaram 15% da população local, agora não são mais que 2%. Alguns insistem em atribuir esta fuga a políticas israelenses que supostamente negariam aos cristãos oportunidades econômicas, prejudicariam seu crescimento demográfico e impediriam o acesso aos lugares sagrados aos cristãos em Jerusalém. Na verdade, a maioria dos cristãos da Cisjordânia vive em cidades como Nablus, Jericó e Ramallá, sob o controle da Autoridade Palestina. Todas essas cidades têm experimentado um crescimento econômico acentuado e forte aumento da população, mas apenas entre os muçulmanos.
Israel, apesar da necessidade de proteger suas fronteiras da infiltração de terroristas, permite o livre acesso a Jerusalém para os cristãos da Cisjordânia e de Gaza durante os feriados religiosos. Em Jerusalém, por sinal, o número de árabes – incluindo cristãos – triplicou desde a reunificação da cidade por Israel em 1967.
Deve haver outra razão, então, para o êxodo cristão da Cisjordânia. A resposta está em Belém. Enquanto estava sob jurisdição de Israel, a população cristã da cidade cresceu 57%. Mas, desde que a Autoridade Palestina passou a administrar a cidade, em 1995, esses números despencaram. Gangues palestinas tomaram casas de cristãos e ocuparam a Igreja da Natividade, saqueando-a e usando-a como banheiro. Hoje, os cristãos constituem apenas um quinto da população sua cidade santa.
A extinção das comunidades cristãs do Oriente Médio é uma injustiça de magnitude histórica.
No entanto, Israel fornece um exemplo de como esta tendência não só pode ser evitada, mas invertida. Se contassem em seus países com mesmo respeito e apreço que recebem no estado judeu, os cristãos de países muçulmanos poderiam não só sobreviver, mas prosperar.
Michael Oren é historiador e escritor e foi Embaixador de Israel nos Estados Unidos.
Publicado originalmente no Wall Street Journal