A história de Israel revela o caráter de Deus
Pr. Eguinaldo Hélio de Souza
Talvez uma forma mais compreensível de escrever esse título fosse: “A história de Israel revela o caráter de Deus”. A ideia é que, na medida em que lemos os acontecimentos em torno do povo judeu, conhecemos de fato, não apenas o povo de Israel, mas o Deus de Israel.
Conhecemos as pessoas quando essas agem e falam. Suas ações as revelam, suas palavras demonstram quem elas são. Não há conhecimento sem interação e a Bíblia é em primeira instância a interação de Deus com o povo de Israel, senão exclusivamente, pelo menos especialmente. Os deuses das religiões orientais são deuses abstratos, eles são deuses do silêncio e da invisibilidade. Quando supostamente dizem alguma coisa, eles o dizem no inatingível interior do indivíduo e se fizeram algo na história, o fizeram em um passado mitológico impossível de identificar com fatos concretos, como acontece no hinduísmo.
O Deus de Israel falou e agiu em Israel em tempos e espaços discerníveis. A história e a geografia bíblica são história e geografia reais. Assim sendo, conhecer esta história é conhecer a Deus no sentido mais preciso da palavra.
Não vamos nesse curto artigo esgotar o assunto. Aliás, jamais iremos esgotar qualquer coisa que se relacione à Divindade e nem essa é nossa intenção. Queremos apenas deixar claro que a história de Israel é também, pelo menos em parte, a história de Deus e essa história de Deus nos faz saber quem Ele é. Sua natureza e seu caráter se revelam aí. Vamos arriscar mais um pouco: em Israel, a história se transforma em teologia, os eventos, mesmo simplesmente narrados, revelam o ser de Deus. A teologia nasce, na maioria das vezes, dessa reflexão sobre Deus.
Como exemplo, enumero quatro lições que aprendemos sobre Deus na medida em que a história de Israel se desenrola:
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Deus é se relaciona
Como começa a história de Israel? E Adonai disse a Avram: Saia de seu país… à terra que eu mostrarei a você. (Gênesis 12.1 – Bíblia judaica). Começa com Deus dizendo e mostrando algo a um homem com quem ele interagiria constantemente. Esse homem, Abraão, foi tido como amigo de Deus (Isaías 41.8). Isto mostra intimidade, comunhão, proximidade. Não é uma divindade perdida em algum lugar. E sim um Deus que anda com os seus. Ele é um Deus pessoal que nos criou à sua imagem e semelhança. Por causa disso, em todas as páginas das Escrituras vemos esse Deus se comunicando e interagindo com diversos homens e mulheres de Deus em Israel. Ele é um Deus que fala e ouve, que promete e cumpre, que anda com os seus. Na história de Israel vemos um Deus que se relaciona.
Deus é soberano
Não vemos um Deus tentando mostrar sua autoridade e poder. Vemos um Deus que é poder. Basta ver o que Ele fez no Egito. Mesmo as dificuldades de Moisés em convencer faraó de que deveria libertar o povo, nada mais era do que a manifestação da soberania de Deus querendo demonstrar o seu poder. (Êxodo 3.19, 20)
Mesmo na Babilônia, onde parecia que o povo de Israel era mero escravo, Deus ali se manifestou a Nabucodonozor e o fez entender mais de uma vez que Ele, Adonai, é o Soberano sobre reis e nações:
… Ele muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis (Daniel 2.21)
Deus é um Deus moral
Nas páginas das Escrituras vemos continuamente Deus punindo os maus e recompensando os bons. Ao ler a história de Israel fica bem claro que existem limites morais que uma vez ultrapassados atraem a ira de Deus. Nem mesmo Davi ou Salomão escaparão da punição de Deus. Seu caráter está revelado em seus mandamento e suas características morais se tornam evidentes nas punições e castigos dados por Ele. Deus é um Deus moral.
Deus é fiel
Palavra alguma falhou de todas as boas coisas que o Senhor prometera à casa de Israel; tudo se cumpriu (Josué 21.45). Impossível contar todas as vezes que Deus mostrou sua fidelidade a Israel em seus quatro mil anos de história. Em cada página da Bíblia está a pegada de um Deus fiel que cumpre o que prometeu.
Essa pequena amostra nada é diante da abundante revelação de Deus na história do povo judeu. Conhecer essa história é conhecer a Deus. E conhecer a Deus é confiar Nele e amá-lo, pois verdadeiramente Ele é quem Ele se revelou nessa história.
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