Por que conhecer a história de Israel (Parte 5)

A História de Israel e a História da Salvação se confundem.  

 

olive.tree

Pr. Eguinaldo Hélio de Souza

 

Quando falamos em salvação estamos falando da mensagem cristã, a mensagem do Evangelho que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

 

Ela tem início com a encarnação, vida e morte de Jesus, o Messias conforme compreendido pelo cristianismo.
Todavia, dois mil anos depois, tendo essa mensagem se espalhado pelo mundo inteiro, suas raízes foram esquecidas. Fala-se como se ela nada tivesse haver com o judaísmo, como se fossem completamente opostas e não originadas de uma mesma raiz.

 

Isso é um completo engano.

 

O cristianismo não nasceu no vácuo, ele não nasceu do nada, não partiu de lugar nenhum. Ele é, em certo sentido, a continuação da história começada com o chamado de Abraão. Toda a história de Israel é preparação e promessa, sem as quais o próprio cristianismo não existiria.

 

Sem a história de Israel não existe salvação.

 

A história de Israel não é apenas a história de um povo, mas a história da salvação de Deus que vai se desenvolvendo em cada evento, cada personagem, cada manifestação profética. Os fatos nela narrados transcendem meros acontecimentos políticos e sociais. Vê-se um plano se cumprindo, um plano cujo ápice é a manifestação do Messias.

 

Entre os muitos testemunhos da descoberta dessa verdade, de teólogos a historiadores, seleciono esta de Paul Johnson:

[private]

Quando trabalhava em minha História do Cristianismo, tomei consciência, pela primeira vez em minha vida, da grandeza da dívida que o cristianismo tem com o judaísmo. Não era, como me haviam ensinado a supor, que o Novo Testamento substituísse o Antigo; o caso era antes que o cristianismo deu uma nova interpretação a uma forma antiga de monoteísmo, tornando-se gradualmente uma religião diferente mas transportando consigo muito da teologia moral e dogmática, da liturgia, das instituições e dos conceitos fundamentais do seu passado. (1)

 

A salvação vem dos judeus, disse Jesus (João 4.22).

 

E é neles, isto é, nos eventos que o cercam, que salvação e história se tornam um. A redenção, decretada da eternidade, se faz real no tempo e no espaço. Seu desenvolvimento e manifestação dentro da história humana tem por canal Israel. Em sua história aconteceu Deus, em sua história Ele se fez Redentor da humanidade. É impossível separar sua salvação da história israelita.

 

A salvação se tornou universal, embora seja israelítica, e, através de Israel, encontre o seu caminho para o mundo, escreveu o teólogo alemão Jurgen Moltmann.

 

Proporcionalmente, a maior parte das Escrituras é história. Mesmo nas profecias a história de Israel está inserida. Esse inegável fato nos leva a pensar na salvação divina como um processo dinâmico, não uma realização estática. Diferente das religiões orientais onde o contato com o divino se dá no silêncio, na quietude e mesmo na aniquilação do eu, a salvação divina se manifesta nos eventos israelitas, no mover histórico, nos acontecimentos pulsantes e dinâmicos. É no caminhar desse povo que salvação de Deus caminha e chega até nós.

1. JOHNSON, Paul. História dos Judeus. São Paulo: Imago, 1995.

2. MOLTMANN, Jurgen. Teologia da Esperança. São Paulo: Teológica, 2003

 

[/private]