Por que conhecer a história de Israel (Parte 4)

Deus se manifestou de forma especial na história de Israel 

 

Mapa 12 tribos editado3 

 

Pr. Eguinaldo Hélio de Souza
 

Deus, o Deus da Bíblia, é identificado como o Deus de Israel. Ao mesmo tempo que se apresenta como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, Ele se coloca como Senhor de toda a História. 

Não poucas vezes, mesmo quando Ele caminhou bem perto de Israel, foi identificado como o Deus de toda a humanidade. Não fará justiça o Juiz de toda a terra? (Gênesis 18.25), perguntou Abraão quando Deus veio a ele para cumprir à promessa acerca de seu descendente. Ou quando entregando a Lei no Sinai e selando sua aliança com o povo judeu, Ele diz: Embora toda a Terra seja minha, vós me sereis reino sacerdotal e nação santa. (Êxodo 19.5, 6). Essa é a grande beleza de sua revelação. Ele jamais foi um mero Deus tribal e ainda assim foi em Israel e através de Israel que Ele se revelou ao mundo.

Temos que concordar com George E. Ladd em sua Teologia do Novo Testamento:

[private]

A história de Israel é diferente de qualquer outro tipo de história. Se bem que Deus seja o Senhor de toda a história, em uma série especial de eventos, Deus fez uma revelação de si mesmo que jamais fez em outro lugar. Os teólogos alemães criaram o útil termo Heilsgeschichte para designar este fluxo da história revelatória. Em português falamos em “história da redenção”. Certamente Deus estava superintendendo o destino do Egito, Assíria, Babilônia e Pérsia. Há uma providência geral na história, mas somente na história de Israel é que Deus comunicou aos homens um conhecimento pessoa de sua própria Pessoa. [Grifo nosso]

 

Não podemos confundir o Deus bíblico, o Deus de Israel, com qualquer uso que se faça da palavra “Deus”. Como disse Blaise Pascal, o Deus dos filósofos não é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Embora possamos encontrar nos filósofos gregos e suas reflexões, referências aos atributos divinos que estão em harmonia com a definição dos atributos de Deus na Bíblia, não podemos encontrar na história dos gregos, a auto-revelação de Deus tal como a encontramos na história de Israel. Deus é quem Ele é, não é aquilo que a razão consegue compreender à seu respeito.

Podemos até encontrar vestígios do Deus da Bíblia em outras religiões, mas o exato Deus da Bíblia só vamos encontrar na revelação que Deus fez de si mesmo na história de Israel, a começar no chamado de Abraão terminando com a encarnação do Verbo em um carpinteiro judeu. Querer comparar vestígios de Deus com o Deus exato é como acreditar que a imagem de um alimento saciará nossa fome.

Podemos concordar que Ele não é Deus exclusivamente para os judeus. Mas foi à partir deles que o conhecimento Dele se irradiou ao mundo. Não cremos apenas em Deus, mas em o Deus, um Deus bem específico. Se hoje o mundo inteiro pode falar em um único Deus, isso não se deu porque por si só os povos se tornaram monoteístas, refletindo e descobrindo Deus. Hoje o mundo fala em um Deus porque aqueles que O conheceram foram pelas terras e mares testemunhando do que Ele fez no passado e queria fazer no presente, manifestando ao mundo quem Ele é. E esse único Deus cujo o uso do termo se tornou de certo modo banalizado, é o Deus de Israel.

Mesmo se considerássemos as Escrituras como um mero livro de história, uma simples comparação entre o seu conteúdo e o a História de Heródoto, por exemplo, seria fácil perceber qual dos dois revela a Deus. Mesmo em um livro como o de Ester, que de forma estranhíssima não menciona Deus, revela sua providência de modo tão especial que quase podemos vê-LO em cada parte dessa narrativa.

Dessa forma, a história de Israel é muito mais do que a história do povo judeu. Ela é a história do Deus de Israel e de suas poderosas ações no tempo e no espaço. Aquilo que aconteceu no tempo e no espaço, aconteceu no tempo e no espaço desse povo determinado. E em todo esse tempo e em todos esses lugares esteve presente o Deus de Israel.

Esse é mais um motivo para conhecermos a história do povo judeu.

[/private]