Por que conhecer a história de Israel (Parte 1)

O chamado de Deus a Abraão é um momento singular, que terá consequências infinitas dentro da História

 

MASSADA-AGORA1

 

Por Pr. Eguinaldo Hélio de Souza

Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. Assim, partiu Abrão, como o SENHOR lhe tinha dito… (Gênesis 12.1-4)

Este evento antigo, no qual um homem deixa sua cidade às margens do Eufrates e se dirige para uma terra desconhecida não teria nenhuma importância se não conhecêssemos seus amplos efeitos históricos. As imensas promessas divinas contidas nessa passagem seriam mera lenda se não pudéssemos hoje contemplar sua realização cada vez mais plena. Esse momento é singular e terá consequências infinitas dentro da História. A chamada de Abraão e sua obediência a ela até hoje surte efeitos.

O patriarca colocou assim em movimento uma evolução histórica que, em última análise, levou à formação de um povo e um grupo religioso cujas funções históricas transcenderam em muito sua força numérica. (1)

A história do povo judeu começa com a chamada de Abraão em Gênesis 12, aproximadamente 4.000 anos atrás. Há desde então uma sequencia ininterrupta de eventos marcantes, dentro dos quais o plano divino se desenvolve. Esses eventos não perdem seu significado após a manifestação do Messias. A queda de Jerusalém e a destruição do Templo não é o fim dos judeus e nem de sua história. E nem de sua importância. É apenas uma nova fase. A sua caminhada atravessa dois milênios da Era Cristã e chega até nossos dias, repleta de significado.

 

Por esse motivo, ao estudarmos a história de Israel não estamos estudando uma história qualquer. 

Ainda que Deus seja o Deus de todas as nações, sua providência se torna efetiva em Israel. Através da descendência de Abraão há todo um desenvolvimento do plano divino cuja abrangência inclui ainda o futuro da história humana.

Pode parecer exagero para alguns e mesmo heresia para outros, mas estou convencido que dentro de certa perspectiva, a Terra de Israel com sua eterna Jerusalém permanece o centro geopolítico do mundo e o povo judeu seu centro histórico. Jerusalém e os judeus são os eixos sobre os quais giram as rodas da História.

Eu gostaria de guardar a citação abaixo para o final, tão surpreendente que ela é. Entretanto, a necessidade de chamar sua atenção para a importância da história de Israel me obriga a lança-la de súbito nesta introdução:

Durante os meus estudos sobre a influência da nação judaica, através de longos períodos da história da civilização, o problema se armou diante de mim: Não teria o destino, por motivos ignorados, decretado a vitória final dessa pequena nação? A esse povo (o judeu) não teria sido destinado o domínio da terra como uma recompensa?

O autor dessa passagem, após estudar a história e analisar a influência judaica sobre ela, questiona se a eles não estava destinado um papel preponderante. De algum modo ele viu a centralidade dos judeus no desenrolar da história

 

O mais impactante dessa reflexão é que ela foi escrita por ninguém menos do que Adolf Hitler em seu Mein Kampf.

Longe de querer defender qualquer ideia do megalômano líder nazista, apenas destaco que o maior opositor dos judeus percebeu a intensa entre história dos judeus e história do mundo.

Espero ter capturado sua atenção o suficiente para expor as razões pelas quais devemos nos debruçar sobre a história de Israel. Há pelo menos oito motivos para conhecermos a história do povo judeu e nos aprofundarmos sempre que possível nesse conhecimento:

  • A história de Israel é fidedigna
  • Nossa fé é uma fé histórica
  • Deus se revelou de forma especial na história de Israel
  • A história de Israel e a história da salvação se confundem
  • A história de Israel revela o caráter de Deus na história
  • Para compreender as Escrituras Sagradas
  • Para constatarmos o cumprimento das profecias bíblicas
  • Para compreendermos nossa civilização judaico-cristã

Nossa intenção é desenvolver cada um desses pontos particularmente, tornando a história do povo judeu não apenas um exercício intelectual, mas uma necessidade de sobrevivência.

 

Eguinaldo Hélio de Souza é pastor e professor de Teologia no Seminário Vale da Bênção e consultor da revista Unidos por Israel. 

(1) BARON, Salo W. História e historiografia. São Paulo: Perspectiva, 1974, p. 4 

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